Paradoxo: por um lado, a televisão
fabrica-me representações de um mundo longínquo; por outro, esse é o mundo
adequado ao meu mundo. É o que me convém: se as imagens do mundo não me dizem
respeito, ou me dizem só longinquamente respeito, então está tudo bem assim,
porque a minha imagem também só enevoada me diz respeito.
Eu nem me apercebo do «longe», do «afastamento», da «ausência de mim a mim». Não há paradoxo, porque não há consciência dele. Não há sobressalto de pensamento. Tudo se mistura, talvez.
José Gil, in 'Portugal Hoje - O Medo de Existir'
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